segunda-feira, 16 de junho de 2008

Romantismo - Prosa


Romantismo - Prosa

O Romantismo teve início no Brasil por meio da poesia (Suspiros Poéticos e Saudades, 1836, Gonçalves de Magalhães). A prosa, entendida aqui como romance, novela, conto e teatro, veio depois, em duas datas importantes: em 1843, com a publicação do romance O Filho do Pescador, de Teixeira e Sousa; e em 1844, com a publicação do romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo.
Teve início com a chegada da família real aqui, pois a realeza possuía uma cultura literária diferente a qual foi traduzida pela mesma.
A elite brasileira da época seguia os hábitos culturais franceses, como ler autores românticos. A moda era tudo o que vinha da França, que vivia uma época de Revolução que buscava liberdade, fraternidade e progresso.
O romantismo é fruto de um complexo movimento de idéias políticas, sociais e artísticas. Esse movimento encontra, no Brasil, um clima propício ao seu desenvolvimento. O público leitor, representado por pessoas da aristocracia rural, encontra na literatura um meio de entretenimento. O objetivo dos primeiros jornais, no século XIX, é expandir a cultura entre os leitores médios. O jornalismo literário conta com vários adeptos. Os romances de folhetim, de crítica literária, de crônicas passam, então, a serem cultivadas. Surgem cronistas importantes, entre eles José de Alencar.
É preciso frisar que a difusão, em livro ou em jornal, de traduções livres, resumos de romances e narrativas populares da cultura estrangeira contribuiu bastante para a divulgação e consolidação desse novo gênero literário.
O Romance brasileiro poderia ser dividido em duas fases: Antes de José de Alencar e Pós-José de Alencar, pois antes desse importante autor as narrativas eram basicamente urbanas, ambientadas no Rio de Janeiro, e apresentavam uma visão muito superficial dos hábitos e comportamentos da sociedade burguesa.
E com José de Alencar surgiram novos estilos de prosa romântica como os romances regionalistas, históricos e indianistas e o romance passou a ser mais crítico e realista. Os romances brasileiros fizeram muito sucesso em sua época já que uniam o útil ao agradável: A estrutura típica do romance europeu, ambientada nos cenários facilmente identificáveis pelo leitor brasileiro(cafés, teatros, ruas de cidades como o Rio de Janeiro).

Romance Urbano

Ambientado na Corte, ele se caracteriza pela crônica de costumes, retratando a vida social da época. A pequena burguesia é apresentada sem grande aprofundamento psicológico.
Exemplos: A Moreninha, Senhora e Memórias de Um Sargento de Milícias, de Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar e Manuel Antônio de Almeida, respectivamente.
Memórias de um Sargento de Milícias: Ao traçar o perfil de Leonardo, protagonista da novela, o autor retrata um tipo genuinamente brasileiro, com sua malandragem bem carioca e sua propensão ao “dolce far niente” (= não fazer nada, ócio), numa aversão ao trabalho, que antecipa, em quase um século, o celebrado “herói sem nenhum caráter” e modelo de nossa gente

Romance Regionalista

O ambiente rústico, rural é ficado. A atração pelo pitoresco leva o escritor romântica a pôr em evidência tipos humanos que vivem afastados do meio cotidiano.
Exemplo: O Sertanejo, de José de Alencar e Inocência, de Visconde de Taunay.

Romance Histórico

Está ligado, pelo assunto, ao romance de “capa e espada”, revela o gosto pelo suspense e a ênfase à vingança punitiva. Há uma volta ao passado histórico, medieval.

Romance Indianista

O romancista procura valorizar as nossas origens. Há a transformação dos personagens em heróis, que apresentam traços do caráter do bom selvagem: valentia, nobreza brio.
Exemplo: O Guarani e Iracema de José de Alencar.


Iracema – José de Alencar

Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;
Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas.
Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela?
Onde vai como branca alcíone buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano?
Três entes respiram sobre o frágil lenho que vai singrando veloce, mar em fora
Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro que viram a luz no berço das florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem
A lufada intermitente traz da praia um eco vibrante, que ressoa entre o marulho das vagas:
— Iracema!
O moço guerreiro, encostado ao mastro, leva os olhos presos na sombra fugitiva da terra; a espaços o olhar empanado por tênue lágrima cai sobre o jirau, onde folgam as duas inocentes criaturas, companheiras de seu infortúnio.
Nesse momento o lábio arranca d'alma um agro sorriso
Que deixara ele na terra do exílio?


O texto: Iracema tem uma linguagem rebuscada, que acaba apresentando emoção, romance. E a escolha do índio mostra bem claramente a valorização de nossas origens e a pureza destes seres.

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